segunda-feira, 28 de agosto de 2006

A Alma do Hezbollah


Felipe Raskin Cardon
10/ago/06

Venho acompanhando com atenção as notícias sobre a guerra entre Hezbollah e Israel, antes mesmo de ela, de fato, começar. Leio detidamente as matérias da editoria internacional dos principais jornais de Porto Alegre, ouço os boletins dos enviados especiais ao Oriente Médio e faço pesquisas na internet sobre esse tema; pois só dessa maneira é possível formar uma opinião sem ser influenciado por algum jornalista menos avisado ou não saber algum acontecimento importante que, por interesses econômicos ou políticos, são omitidos, em determinado canal de comunicação.

Antes de mais nada, vamos entender o que é o Hezbollah: uma milícia armada, de cunho político e social, com representantes no parlamento libanês, que tem por objetivo promover atividades assistenciais ao povo do Líbano – como instituições de ensino, em que os estudantes aprendem sob cartilhas que contém textos que expressam a sua ideologia -, com recursos providos pelo Irã e pela Síria. Em alguns locais daquele país - principalmente em Beirute, a sua capital -, é o Hezbollah que realiza a segurança pública, fazendo as vezes de polícia militar libanesa, mas jamais seus ativistas usam uniforme, caracterizando crime de guerra. Sendo assim, ativistas do Hezbollah, por se imiscuírem nas entranhas da polícia e da política libanesa, denotam esse grupo como um estado paralelo daquele país; a exemplo do Comando Vermelho, na Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro. Assim, vemos que a guerra não é entre Israel e Líbano, mas entre aquele país e Hezbollah.

Percebemos, então, que o exército israelense não visa a destruir o Líbano, mas sim capitular a milícia armada chamada Hezbollah, que está infiltrada no Líbano. É uma pena que as milhares de vítimas feitas por Israel sejam, em grande parte, civis libaneses que repudiam a ação do Hezbollah. A destruição de cidades, estradas, portos e hospitais, libaneses se deve ao fato de que os ativistas dessa organização se homiziam em prédios públicos de grande circulação para agirem e planejarem seus estratagemas, justamente porque Israel tem como meta, invariavelmente, os guerrilheiros que atacam seu território. Com isso, se há um ataque a algum restaurante, danceteria ou ônibus de Israel, o serviço de inteligência israelense localiza o assassino e o lugar onde ele estiver é bombardeado, o que resulta em vítimas que nada têm a ver com a ideologia desse grupo.

A propósito, por que a imprensa do Brasil, via de regra, transmite as informações dessa guerra sob o prisma dos libaneses? Será por interesses econômicos, em relação ao petróleo do qual os países árabes são detentores?

Um comentário:

Anônimo disse...

Certa vez eu vi em uma entrevista um ex-militar brasileiro combatente da Segunda Guerra disser o seguinte: a guerra é a falência da inteligência. Pena que a imprensa brasileira esteja contaminada pelo vírus do hard news, apenas o fato em si como se este tivesse ocorrido por geração instantânea. Jamais pergunta-se sobre as consequências que o geraram e o que repercutirá dali em diante. Para nós a milhares de quilômetros do epicentro do armestício: Israel verus Hezbollah, é quase incompreensível ver um país ser atacado(Líbano)e o inimigo em questão não é o Líbano,e, sim uma milícia. Mas o que me fez vir a escrever neste espaço foi assistir a propaganda eleitoral de hoje, 30 de agosto, dos cnadidatos gaúchos. Júlio Flores pregando abertamente a destruição do Estado de Israel e por uma Palestina sem radicais. Não sou judeu, porém, é o fim da picada, falta completa de sensatez, a falência da inteligência. Já não lembro mais o partido anão a que pertence após ouvir tão vis palavras. Hipócritas há na Palestina e em Israel, também. Sempre dispostos a manipular maquiavélicamente suas nações. No entanto, Julio Flores não compreende o significado da palavra coexistência, e se apresenta para ser representante do povo. Gostaria que fizessem uma análise no programa a Hora Israelita sobre tal discurso midiático, ou melhor, entrevistá-lo para que se posicione abertamente. Espero que ele tenha coragem para participar do programa.
Marcus Vinicius Amaral Camargo, Porto Alegre.