sábado, 7 de fevereiro de 2009

Merkel entra na polêmica sobre Holocausto e pede posição "clara" do papa

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu nesta terça-feira ao papa Bento 16 para "deixar bem claro" que rejeita a negação do Holocausto, depois da reabilitação do bispo Richard Williamson, excomungado nos anos 80 por outro motivo. Em uma entrevista, o bispo questionou a dimensão do extermínio de judeus. O gesto de aproximação com o grupo conservador foi nublado pela divulgação de uma entrevista concedida por Williamson a uma TV sueca, na qual ele colocou em dúvida o Holocausto. "Acredito que não existiram câmaras de gás e [apenas] entre 200 mil e 300 mil judeus sofreram nos campos de concentração", disse Williamson.
Para Merkel, que é protestante, os esclarecimentos do Vaticano são insuficientes. A chanceler fez as declarações depois que a crítica ao papa alemão ganhou destaque pela primeira vez na imprensa do país, que no início do papado não escondeu o orgulho pela eleição do então cardeal Joseph Ratzinger ao comando da Igreja Católica. Cerca de 34% dos alemães declaram-se católicos, e 34%, protestantes.
O jornal "Bild", o mais vendido da Alemanha, publicou em sua primeira página nesta terça-feira: "Críticas ao papa pelo mundo". Em um país que convive com a memória do massacre dos judeus, a nacionalidade do papa é uma questão central na polêmica. "O papa cometeu um erro grave. O fato de ser um papa alemão torna a questão especialmente ruim", afirma o editorial do "Bild". Na Alemanha, é crime negar a existência do Holocausto.

Hamas invade depósito da ONU em Gaza e confisca comida e cobertores

Agentes do Hamas em Gaza entraram em um depósito da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos e confiscaram milhares de cobertores e centenas de porções de comida, disse Christopher Gunness, porta-voz da ONU. O episódio levanta a preocupação com a possibilidade de ruptura da colaboração de emergência entre o grupo radical que domina o território palestino e a organização que se dedica à assistência humanitária aos moradores. Os homens do Hamas levaram "3 mil e quinhentos cobertores e 406 porções de comida de um armazém de distribuição em um acampamento de Gaza", conforme comunicado da organização. Os suprimentos haviam sido doados por vários países. Trata-se da ajuda que estava destinada para 500 famílias da área onde se encontra o campo de refugiados de Shati, que, segundo afirma o comunicado, foi atacado por policiais islâmicos para levar os materiais "à força". A agência humanitária, responsável por receber, armazenar e distribuir a ajuda internacional, exigiu que o Hamas a devolva imediatamente para poder entregá-la às famílias que precisam. Pacotes de ajuda com itens similares aos que foram levados foram distribuídos pela ONU a cerca de 70 mil famílias nas últimas semanas. Alguns doadores internacionais já haviam expressado a preocupação de que os fundos a ser reunidos para a reconstrução de Gaza caiam nas mãos do Hamas. Uma conferência de doadores está programada para o fim deste mês, no Cairo.