terça-feira, 5 de junho de 2007

Alemanha honra cidadãos que salvaram judeus

Abertura dos jovens com o passado do país nazista fnalmente permite o reconhecimento de centenas de alemães que arriscaram suas vidas para salvar judeus.

Barbara Preusch lembra perfeitamente o dia em que nazistas invadiram sua casa em busca de judeus escondidos - e foram embora sem encontrar mãe e filha que sua família estava escondendo. Agora, 76 anos e ainda vivendo na mesma casa, ela mostra um minúsculo espaço donde Rachela e Jenny Schipper ficaram por dois anos: em 1943 e 1945. "Os nazistas estavam suspeitando bastante, mas nunca descobriram. Eles só pegaram nossas maçãs e nossos cigarros." 62 anos depois da guerra, pessoas como Preusch - ainda adolescente quando sua avó começou a ajudar fugitivos judeus - serão homenageadas em um Museu de Berlim. Israel já reconheceu as pessoas que ajudaram judeus durante o Holocausto e 443 alemães estão no memorial dos "Justos entre as Nações", no Yad Vashem. No entanto, a Alemanha demorou para fazer tais homenagens.

O Museu "Heróis Silenciosos" abrirá suas portas em 2008 em um prédio no Centro de Berlim. Ele ficará localizado no antigo escritório de Otto Weidt, um deficiente visual que empregava judeus cegos e os escondeu dos nazistas. O novo museu contará histórias de salvadores e sobreviventes com apresentações multimídia e documentos de testemunhas, os quais revelam a coragem e os perigos pelos quais essas pessoas passaram.

De acordo com o historiador Johannes Tuchel, diretor do Centro de Memória da Resistência Alemã, responsável pelo museu, cerca de 1700 judeus sobreviveram em Berlim e entre 20 e 30 mil alemães não judeus ajudaram a escondê-los. As motivações dos salvadores eram bastante diferentes, segundo Tuchel. "Nós não podemos traçar um perfil único: alguns eram trabalhadores, outros acadêmicos ou cristãos devotos; uns ajudaram espontaneamente, outros por razões políticas." A geração de hoje, já refeita depois dos crimes de seus pais ou avós, é, de alguma forma, mais aberta a falar sobre o passado dos país, o que facilitou a construção do museu. "Mesmo sendo jovem, eu sabia que não podia falar para ninguém sobre as pessoas que estavam na minha casa. Essa é a primeira vez que conto a minha história para um grande público", diz Preusch. Ela e Jenny Schipper, que emigrou para os Estados Unidos, sempre se falam por telefone.

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